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sábado, março 13, 2004

SANGUE E SILÍCIO

Estou frente à máquina. Ela é fria, estéril. Impassível. Custa-me acreditar que esse emaranhado de fios, peças plásticas, metal e silício permita-me tocar pessoas nos mais distantes e inacessíveis cantos desse mundo. Contudo, a máquina me irrita. Me coloca, desnudo, frente a frente com aqueles que dela fazem escudo e máscara. Eles se cercam de mentiras nas quais acreditam, e que fazem deles pessoas de mentira, fantasmas.
Mesmo assim, às vezes acho que posso esticar meu braço, e sentir minha mão atravessar o vidro cheio de luz e cor, e percorrer um interminável labirinto de milhões de pedaços de informação e eletricidade, até encontrar uma outra mão. Sentir o toque e o calor de alguém como eu.
Alguém que, como eu, queira humanizar a máquina, torná-la meio, ao invés de fim.
Alguém que alegremente trocaria um sorriso ou um olhar por milhares de palavras digitadas pela metade. Meias palavras, meias verdades.
Esse post é dedicado à essas pessoas, que usam a máquina, sem jamais serem usados por ela.