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quarta-feira, outubro 20, 2004

Metamorfose


Do fundo de sua masmorra,
O que era eu me encara.
Vejo em seu olhar traído
A raiva verter-se em lágrimas
Tão inevitáveis quanto a mudança.
Sinto a dor e o gosto do seu choro,
Pois também eu fui trancafiado,
Jogado num canto escuro de nossa mente,
Posto de lado por ele que agora chora.
Mas agora é minha vez.

Teve sua chance, meu amigo.
Mas cometeu o erro fatal:
Decidir que não precisava de mim.
Eu sei que preciso de você,
E por isso é aí que você vai ficar.
Do outro lado desse espelho,
Onde eu posso te ver
E me alimentar de você.

Não me olhe assim.
No fundo você sabia; sempre soube
Que a sombra não substitui o corpo,
O eco não substitui a voz,
E você não pode tomar meu lugar.
Mas comigo aqui fora,
E você aí dentro
Podemos ser o que precisamos ser:
A soma de nós.