Quickened

The world's little window to myself

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, Brazil

terça-feira, abril 27, 2004



Saudade

Não te quero mais aqui dentro
Onde você me rasga
Me destroça
Me mata pouco a pouco

Não quero mais lembrar
Do teu corpo que se foi
Dos olhos que já não me veem
Do toque que já não me toca

Teu colo perdeu-se no tempo
Mas é só nele que descanso
Tua boca calou
Mas ainda diz tudo que ouço

Sou um triste mausoléu
De tudo que não posso ter
Mas ainda carrego comigo

Maldito amor que não morre
Vira fardo que nos consome
Até sucumbirmos
Ou livrarmo- nos dele

Lembrar e morrer
Viver e esquecer.

sábado, abril 17, 2004



Suspiro


Quero um instante perfeito.
Eterno como o amor.
Breve como piscar os olhos.
Um batimento cardíaco.
Nele sentirei tudo.
Saberei tudo.
Verei tudo.
Serei meu próprio deus.
Tal qual uma vela.
Ela brilha no seu máximo
Por apenas um instante
Depois se apaga.
E só resta a escuridão...


Cai o pano


sábado, abril 10, 2004

Estou num caldeirão de luz, som, escuridão e fumaça de cigarro.
Suor escorre da minha testa para dentro de meus olhos. Tudo bem...não quero enxergar mesmo. Só sinto o som que agride meus tímpanos enquanto me movo junto da música.
Cerro os olhos e acendo outro cigarro, enquanto outros corpos ensandecidos se chocam ao meu redor. Quero que meus ouvidos sangrem e meus pumões se encham de fumaça até não poderem mais respirar. Quero parar de sentir meu corpo e que ainda assim ele continue se movendo com a música. Quero olhar para aquele ponto de luz brilhante até queimar minha retina e enxergar tudo borrado. Quero gritar enquanto a fala for o último sentido que me resta. Quero beber até não reconhecer mais o gosto de água. Quero me estilhaçar em milhares de pedaços pontiagudos e rasgar a garganta daquele cara que pisou no meu pé. Quero que se foda a porra do mundo, vou socar a parede até minhas juntas sangrarem.
Depois alguém me leva pra casa.