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The world's little window to myself

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terça-feira, agosto 19, 2003

Minhas desculpas em especial ao Leotti pai,
prometo retornar à nossa querida lingua materna no próximo post.
Também estou trabalhando em uma versão dos poemas em
português, logo logo sai...



Teatro dos Vampiros

Ato III


The Coming of The Beast

I’ve come to let thee know
This… is little but a show
And thou art but little puppets
To whom thou speak, and those alike

Thine shall be the kingdom of heavens
Where God awaits thee and thy sins
But beware, for the road to heaven is nothing
But a small detour on the way to hell

For Hell and Heaven are every day
Both around and within each one of you
Like a beast that stalks your sanity
The hunger, the lust, the call

Some of you may be our servants
Others are toys we easily break
The damned and lucky shall be reborn in blood
The rest is only food

You’re the rest
You’re my snack
And I shall feed upon thee
Before the beast claims me in my madness

So pray to God, you fools
‘Cause I’ll be waiting round the corner
And I’m gonna suck you fucking dry!
Now run! Run, you bastards, run!

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA



Cai o Pano

sexta-feira, agosto 15, 2003

Hunger

Close my eyes and
I can taste you
I stumble through my feelings
To reach you
In the dark loneliness of this room
I seek you
Faint from the unreachable
I crave for you
So I rise
I run
I fly
Ascend to the sky
To be with you


terça-feira, agosto 12, 2003

Teatro dos Vampiros


Ato II

Considerações sobre o amor
- Inspirado no soneto de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver;
Amor é azia;
É ferida que dói e não se sente;
É lepra;
É um contentamento descontente;
É ver graça na desgraça;
É dor que desatina sem doer;
É frescura desvairada;


É um não querer mais que bem querer;
É o não que diz que sim;
É solitário andar entre a gente;
É autismo;
É nunca contentar-se de contente;
É ser uma garotinha mimada;
É um cuidar que se ganha em se perder;
É nada mais que política;

É querer estar preso por vontade;
É masoquismo;
É servir a quem vence, o vencedor;
É conviver servilmente com a derrota;
É ter com quem nos mata lealdade;
É ser um cão estúpido;

Mas como causar pode seu favor;
Mas como estar tão certo desta dor,
Nos corações humanos amizade;
Tão absoluta, absurda, bio - lógica;
Se tão contrário a si mesmo é o mesmo amor?
Se tão contrário a si mesmo é o mesmo amor?



Cai o pano





quarta-feira, agosto 06, 2003

Prefácio


Era mais uma manhã fria na cidade de Londres. A cidade lentamente despertava ao som de cascos de cavalo batendo ao longe contra as pedras do calçamento, seguido do ranger de pesadas rodas de carruagem. A iluminação das ruas era insuficiente para vencer o denso nevoeiro, de modo que se formavam pequenas ilhas de luz tênue ao redor de cada poste, o que fazia de uma simples caminhada um longo mergulho na penumbra, intercalado por breves momentos em que se podia enxergar os próprios pés, de uma ilha a outra.

Aos poucos emerge das ruas o som dos primeiros passos apressados daqueles que não mais puderam esperar confortavelmente em suas casas por um gesto gentil da aurora, ou aqueles que simplesmente não se importavam com o frio ou o nevoeiro. Enquanto se encaminhava a seu escritório, Herbert Skinner imaginou se seria possível fazer seu trajeto diário de olhos fechados, e após alguns minutos ouvindo o som ritmado de seus passos, numa espécie de transe que o conduzia todas as manhãs, chegou à conclusão de que não haveria diferença, dadas as condições de visibilidade àquela hora. O vento frio que batia em seu rosto incomodava, e o obrigava a baixar a cabeça, usando seu chapéu como proteção, ao mesmo tempo em que se encolhia dentro do pesado casaco que se estendia até seus pés. Contudo, Skinner se confortava ao pensar que em poucos minutos estaria tomando uma caneca de café quente, sentado confortavelmente em sua cadeira.

As primeiras vozes ecoam indistintas, em sua maioria cumprimentos e saudações de pessoas que se encontram todos os dias a caminho de seu serviço, e assim fez Skinner ao virar numa esquina e saudar o policial que andava na mesma calçada. Todas as manhãs se encontravam na mesma rua, como se um fosse a medida da pontualidade do outro. E mais uma vez, como toda manhã, Skinner olhou para aquele uniforme e se indagou se fizera a escolha correta. Mas era tarde demais para auto-questionamento. Em poucos instantes, ele chegaria a seu escritório, onde leria a placa sobre a entrada: Herbert Skinner – Investigador Particular. Essa era sua vida agora, e ele sabia que assim estava mais feliz.

Ao se aproximar da entrada, Skinner volta a ouvir os sons da cidade e a se incomodar com o vento, novamente despertando do transe matinal que o levava todas as manhãs. Nesse momento, ao olhar adiante, nota uma forma indistinta em meio ao nevoeiro, parada logo abaixo do letreiro que levava seu nome. Mais alguns passos e é possível definir os contornos de uma mulher. Skinner se aproxima até encontra-la junto à porta... ela é jovem, vinte e poucos anos, cabelos negros e frágeis jogados sobre um rosto indecifrável.

“Bom dia senhorita, posso ajuda-la?” - perguntou Skinner abrindo a porta num demorado gesto, que permitiu que ele a estudasse. Nesse momento seu olhar encontrou o dela e por um instante o detetive sentiu como se estivesse caindo, tão intensa era a forma como ela o fitava.

“Senhor Herbert Skinner?” – Sua voz era fraca, débil, mas ao mesmo tempo decidida, sem medo. Ele acenou com a cabeça e a convidou para entrar. Ela o fez silenciosamente. Havia algo estranho no olhar da garota, algo que o fazia sentir-se desamparado. Skinner normalmente conseguia deduzir que tipo de pessoa eram seu clientes em segundos, e o que queriam em pouco mais. Mas essa garota... Skinner a olhava e não chegava a conclusão alguma. Enquanto isso, fechava a pesada porta atrás de si e começava a subir as escadas.


* * *